sexta-feira, 24 de maio de 2013

A importância do figurino na dança do ventre

Depois de um certo tempo de estudo e dedicação, finalmente chega a tão esperada hora de subir ao palco. Dentre todas as coisas que são levadas em conta neste momento, devemos prestar atenção ao figurino.
Nosso show não é uma continuação da vida cotidiana, e sim algo diferente, e o figurino nos ajuda a fazer essa distinção.
Estamos retratando uma cultura diferente da nossa, então é necessário levar em consideração o contexto social e histórico; para não ferirmos a cultura alheia.

Nas execuções de músicas clássicas, modernas e fusões temos uma maior liberdade de criação. 

Visando sempre cortes, tons e tecidos que nos valorizem e ressaltem o que temos de melhor, já na hora de comprar nossa tão sonhada roupa de dança.

Dentre as várias opções de modelos temos os figurinos estilo cabaret (composto por uma saia, de modelos e cortes variados, bustiê e cinturão de franjas, com bordados ou lisos), macacões com cortes variados usados em números modernos, ashrab (lenços de quadril bordados), galabeyas (vestidos tradicionais usados em folclore feitos em uma grande variedade de modelos e estampas), e alguns acessórios como tiaras, véus, xadores e melleah (espécie de véu longo e preto usado pelas mulheres da região de Alexandria), que ajudam a compor o restante do figurino.

Um bom figurino não é necessariamente o mais caro e rebuscado, mas sim aquele em que os materiais e bordados são de boa qualidade, onde o mesmo nos ajude a contar uma história e que seja funcional. Mas vale lembrar que nenhum figurino disfarça os erros de postura de uma bailarina.

Porque enquanto bailarinas, mesmo que nosso número não seja dança-teatro, nós estamos na função de entreter o público. Narramos uma história, que pode ser fruto de nossa criação enquanto peça coreográfica, bem como uma leitura com o corpo da peça musical idealizada pelo compositor, a fim de aproximar público e música, pelo menos essa é a nossa obrigação enquanto bailarinas.

A expressão não deve se centrar na pura e simplória demonstração técnica de forma mecanicista. Deve comunicar algo. Assim sendo, nosso figurino fornece um dos recursos para construirmos essa ponte de comunicação entre nós e a audiência.

Portanto o figurino é sim: FUNDAMENTAL nessa arte!!!!


A Evolução dos figurinos de Dança do Ventre


Os figurinos utilizados na Dança do Ventre sofreram algumas modificações com o passar dos anos. Assim como a dança, sua vestimenta tem uma origem muito antiga. Podemos observar que, apesar de surgirem novas tendências de moda na Dança do Ventre, ainda podemos encontrar vários detalhes que seguem uma tradição.

Vejamos o histórico...

O período em que se originou o que conhecemos hoje por dança do ventre foi uma época de rituais sagrados em regiões como Egito Antigo e Mesopotâmia. As mulheres dançavam nestes rituais com adornos nos pulsos e nos tornozelos, enquanto o rosto já era realçado com maquiagens produzidas por habitantes das civilizações destas regiões.

As Gawasee (ciganas Egípcias), surgiram depois deste período. Elas dançavam em ruas e praças públicas, vestindo roupas feitas de moedas, utilizadas ainda hoje para algumas apresentações de Dança do Ventre. Elas também usavam lenços e tatuagens. Nesta mesma época, também existiam as Awalim, muitas vezes confundidas com as Gawasee. A diferença entre elas é que as Awalim eram mulheres cultas, ligadas a arte. Elas se apresentavam em festas de luxo e usavam véus que hoje são adotados na dança pelas bailarinas ocidentais.Na segunda metade do século XIX, surgiu a Dança Baladi (dança solo de mulheres). O estilo valorizava os movimentos de quadris, portanto elas usavam vestidos e amarravam franjas, lenços e véus nesta parte do corpo para deixá-la em evidência.

Os acessórios das bailarinas do Oriente, como os adornos de ouro e pedras preciosas, sempre chamaram muito a atenção. As ocidentais ficaram fascinadas por seus enfeites, quando a Dança do Ventre com suas roupas e acessórios se expandiu para a Europa. Houve um período marcante na história da moda, por volta do ano 1900, em que o famoso Estilista Paul Poiret criou uma nova tendência inspirada em vestimentas dos povos do Oriente Médio. Túnicas, turbantes e calças de odaliscas faziam parte desta tendência. Ele utilizava nas suas criações tecidos mais leves como a seda, estampas com tinturas e pedrarias.

O foco atual é nos materiais - Hoje, podemos observar a influência dos povos do Oriente nas nossas roupas com pedrarias, saias longas e trabalhadas. O interessante é que muitos estilistas brasileiros exportam estas criações para Países dos Emirados Árabes, como Dubai, onde as mulheres consomem e investem mais em moda do que no Brasil, devido a fatores culturais e condições econômicas mais favoráveis. No Brasil, as vendas são bem menos expressivas. Este fenômeno também acontece com os trajes de Dança do Ventre, já que os trajes mais sofisticados e personalizados têm um custo maior.

No Egito, as bailarinas mais famosas estão sempre inovando seus figurinos de Dança do Ventre. Elas escolhem ombreiras, minissaias, capas, coroas e luvas de acordo com seu gosto pessoal e sua imagem que passam para o público nas apresentações. Encontramos também, no Egito, desde figurinos mais ousados e modernos até os mais tradicionais que nos remetem aos filmes das décadas de 1940 e 1950.
Atualmente, os trajes de Dança do Ventre são mais "clean", ou seja, possuem menos enfeites e misturas de materiais. As roupas são elaboradas com foco específico nos materiais, aumentando sua sofisticação. Existem algumas diferenças de design e materiais de um País para outro. Fatores como economia, cultura, política e clima também podem influenciar nestas diferenças.

O importante é o figurino não perder sua tradição, respeitando sempre o estilo da Dança que será apresentada. Danças folclóricas exigem um figurino específico. Fatores como a música, movimentos especiais, instrumentos utilizados na Dança, motivação da coreografia e dos espetáculos, etc. devem ser analisados na elaboração do figurino. Além disto, é essencial observar características da personalidade da bailarina, pois é algo que ficará em evidência no momento da dança, exigindo um figurino adequado.


Pesquisa baseada no texto de Adriana Brita.