segunda-feira, 13 de maio de 2019

A dança do ventre real

Você pode creditar ou não, mas eu acredito que tudo tem um porquê, e com a dança do ventre foi assim também.
Ela me encontrou quando eu precisava muito, e eu me despedi dela quando não tinha mais nada para curar em mim e havia mostrado a cura para várias mulheres.
Claro que adoecemos de várias formas e várias vezes, mas, cada vez precisamos de uma lição diferente, e quando você não aprende nada com a lição, ela se repete até que você aprenda. E quando não tem mais nada a fazer ali, partimos para a próxima. Acredite, pois foi assim comigo.
Sim, ainda me arrepio ao ver uma bela bailarina se expressando com seu corpo, uma vez seduzida por esta dança, impossível ficar imune.
Mas essa dança não mente, e não é possível ser profissional ao ponto de enganar uma platéia experiente, então  não me deixo enganar por olhares, caras e bocas, e muito menos por figurinos maravilhosos, que sim, são lindos de ver, mas não tornam a dança emocionante e apaixonante.
Na verdade poucas bailarinas me seduzem, acho que foi assim que consegui o título de "professora russa", por minha exigência  e alto padrão crítico.
Claro, a personalidade está impressa diretamente na  dança, bailarinas podem ser  esfuziantes, energizadas, melancólicas, enganadoras, humildes, carismáticas e por aí vai. Pode ter certeza que ninguém, mas ninguém mesmo consegue separar sua personalidade da sua dança, e quem o tenta, soa falso e barato.
Por isso, quando o olhar não convence, não adianta, pode colocar um elefante na cabeça, vai ser divertido mas não vai tocar o coração.
Acredito que a cura através da dança, se dê ao tempo dedicado aos movimentos, pois para aprender a dançá-la direito, precisamos de horas de dedicação em cada movimento. Este tempo, que tem que ser sozinha, te leva a um exame interior e a medida que se vai aprofundando no movimento, você vai pensando em você, na sua vida, e inúmeras coisas passam pela sua cabeça, então começá-se a questionar tudo.
Neste momento, abre-se uma nova visão, e você vê tudo e todos de outra forma, eu diria de uma forma mais humana, pois admite que não se tem a perfeição, nem em você, nem nos outros.
Estamos a falar de benefícios internos, e não de benefícios físicos.
Dança do ventre é como se rasgar e depois se costurar de novo. Então quando você vê alguém se rasgando, não fica assustada, já que sabe, faz parte do processo de cura.
Se você faz dança do ventre, mergulhe fundo em você, e vai descobrir possibilidades incríveis de amar a si e aos outros, não me interprete mal, algumas professoras pintam isso como o paraíso na terra, não é bem assim.
Sou adepta da meditação durante o aprendizado, mas ainda assim, acho que levar para o caminho da cura antes de levar pelo caminho da atividade artística é um erro e confunde muito as coisas. Quando eu entrei nessa "onda" me dei muito mal (srsrs) porque as pessoas pagavam a mensalidade para 1 hora de aula e depois ficavam mais 2 horas se consultando! (haha).
Primeiro a dança, como dança, foco no corpo, movimentos e principalmente estudo das posturas. Folclore em medidas homeopáticas, e muita, mas muita nomenclatura.
Nosso concorrente direto, o balé, (sim o balé é o concorrente direto da dança do ventre) e ainda gera muitas intrigas e inimizades no meio, saiu na frente, mesmo sendo mais novo, porque tratou tudo com muito profissionalismo, deixando tudo limpinho, quero dizer, sem margem para várias interpretações de um  mesmo passo, enquanto a dança do ventre se preocupava mais com os holofotes e a liberdade que a dança poderia conceder ás bailarinas que almejavam sair da Arábia.
Bom, deu no que deu, e ainda hoje vemos muita discussão a cerca de como se executa isso ou aquilo, como se chama isso ou aquilo, e ainda perde-se horas discutindo e cada aluna chamando de um jeito diferente até entrarem em um consenso.
Isso me chamou a atenção quando comecei na carreira,  senti que algumas pessoas faziam até gozação com a situação, chamando o shimmie de "estremilique"ou "choquinho".Eu pensei: Não vou fazer isso nas minhas aulas. E não fiz, coloquei nome em absolutamente tudo que eu sabia.
That's it today!
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