segunda-feira, 1 de julho de 2019

O prazer de fazer bem feito

Humm..o prazer de fazer bem feito.

 Este é um deleite eterno, todas as vezes que olhar para trás em algo feito por você e se sentir orgulhosa por isso,isso é mágico.
É o salário extra que a vida paga pelas suas atitudes feitas com plena satisfação.
Sempre fui do tipo: Se vou fazer, então vou fazer do melhor jeito possível.
Sim, é um pouco mais trabalhoso, ficar a manhã toda montando passos e contagens, tentando decifrar o que o corpo sente ao executar determinado movimento, para poder ajudar as alunas a decifrar aonde ele nasce no seu corpo, para que não fique nenhuma dúvida de que você está passando conteúdo que fique perpetrado na consciência de cada aluna sua.
Perder horas fazendo cálculos de tempo coreografado, pensando se cada uma delas vai ter tempo suficiente para se sentir a atriz principal no espetáculo anual da Cia.
Claro, tem jeito de ser mais simples, eu sou a professora, então eu decido, eu sou a estrela principal, eu pego as melhores partes, ensino o movimento e dou as contagens. Desse modo eu danço, você  dança, mas apenas uma de nós se destaca sempre!
Nunca foi assim comigo, a dança sempre foi mais que isso, o gosto de fazer entender, o desafio de dividir as luzes, os aplausos, é uma questão de amor ao próximo.
Sempre dizia às minhas pupilas: Ser uma boa bailarina, não significa ser uma boa professora.
Porque ser uma boa professora, às vezes é meio parecido com ser mãe. Sim, estranho essa comparação, mas pensando do ponto onde se abdica de certos gozos no palco, para dar a luz às demais faz sentido, porque não vemos isso na fila no banco, na fila do supermercado. Ainda mais num mundo tão competitivo quanto o da dança do ventre, que é uma linda arte, quase uma religião antiga, mas permeada de atitudes egoístas e vaidade, interesses próprios a qualquer custo. Passa-se por cima de qualquer uma para se obter uma posição privilegiada, ou uma informação privilegiada.
Eu vejo algumas boas professoras, que nem tão boas bailarinas se despontando no cenário, no meu cenário, que é Apucarana e região.
A sala de aula é um lugar onde tratei problemas físicos e emocionais, não sei se admiro ou me espanto em ver professoras que entram, dão aula e vão embora. Talvez em alguma outra modalidade de dança, mas na dança do ventre e no ballet, é impossível, os movimentos são bombas de emoção. E quando a bomba não tem pólvora, não explode, se tem demais, é uma catástrofe. Então, como não se envolver?
Talvez a internet tenha feito as pessoas pularem etapas. Resolver os conflitos internos perdeu espaço para a urgência em aparecer, por isso lá no futuro eu vejo novamente poucas professoras, assim como era no passado. Porque quem não estiver emitindo uma marca no coração das pessoas, não vai ficar na memória por muito tempo. 
Pessoas de vários níveis econômicos foram minhas alunas, mas a maioria não teria vivido momentos tão legais, assim como eu, em festas incríveis, viagens de avião, hospedagens em hotéis 5 estrelas, ou sequer teriam provado uma boa champanhe no camarim, não fosse essa minha mania de estender aos próximos, as coisas boas que a vida trazia a mim.
Mas foi exatamente isso,  essa mania, que fez toda diferença, especialmente para mim, porque, como disse um amigo : Sempre fica perfume nas mãos daqueles que oferecem flores.