terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Egocentrismo na dança do ventre.


Não é segredo que dar aulas de dança do ventre é um dos meus maiores amores e como um sacerdócio, procuro levá-la sempre da maneira mais séria possível, assim evitando comentários cretinos de pessoas ignorantes que não conhecem na verdade a arte da dança e seus benefícios.
Mas como tudo que é demais, acaba desandando. E assim eu classifico as mulheres que conhecem a Dança como alunas lado A e lado B. São direções totalmente opostas que cada aluna toma na medida que vai aprendendo a arte e absorvendo seus benefícios.
Aluna lado A:
Este é um dos tipos mais agradáveis de se trabalhar, coreografar e colocar em cima de um palco para dançar. Por menos que ela saiba de técnica, está no caminho de se tornar (se já não se tornou) uma mulher mais segura, mais leve, age em conjunto com as pessoas ao seu redor. Suas ações em aula são fáceis de se ver: pensa no benefício do coletivo. A aluna lado A se torna uma mulher bela e floresce em todo o seu esplendor para quem está à sua volta e o mundo. Neste momento percebe-se uma troca interessante: ela agrega pessoas à sua volta e troca com o mundo em suas atitudes e com o público em suas apresentações. Seu amor pela dança, pela vida etc e sua humildade são tão grandes que até mesmo executando uma coreografia simples ela exala esse perfume de doação. Ela troca com o público, que sente essa energia e não consegue tirar os olhos dela. Seus olhos são brilhantes, como se fossem dois sorrisos e ela em toda sua simplicidade brilha para o mundo como um farol; exalando sabedoria, autenticidade, humildade e segurança.
Aluna lado B:
A aluna lado B começa bem mas à medida que a turma avança e ela não tem muito conhecimento de si própria, suas caracteríscas mais marcantes vão se mostrando para o mundo e o grupo de que faz parte: soberba, vaidade excessiva, egoísmo e egocentrismo. Para esta aluna, todos os holofotes devem estar virados em sua direção. Seu egocentrismo é tão grande que ao dançar seus olhos só se voltam para seu próprio corpo e não para o público, impossibilitando uma troca. São aquelas alunas que teimam em ficar no centro da sala de aula, no meio da coreografia e se a professora não tiver pulso firme ela tomará as decisões pelo grupo, terá mais autoridade que a professora e se tornará um ser insuportável de se conviver. Costumo pensar que esse tipo de pessoa já vem pra aula com essas características que já fazem parte de sua personalidade. O grande problema é que a dança do ventre só torna essas características mais evidentes, gerando mais problemas para o coletivo e para ela própria.

Como professora há muito tempo digo com conhecimento de causa que já tive que lidar com os dois tipos de alunas. Se o lado A aprende e cresce, o lado B também pode aprender e se tornar uma pessoa melhor. Mas existem as que não aprendem. Se não aprendem a ser humildes e a pensar no coletivo também passam por sofrimentos atrozes. São as alunas que sempre vemos sozinhas. São isoladas pela turma e pelo mundo. Nem mesmo as próprias colegas de turma conseguem uma boa convivência, e muitas vezes nem elas sabem explicar porque. Se o lado A brilha e ilumina à todos, o lado B parece um ponto escuro, por todo o caminho que passa. Sua ténica corporal pode ser maravilhosa mas não tem aquele brilho exuberante no olhar, não tem troca com o público durante uma apresentação e por mais que se esforce não existe a alegria de dividir aplausos e elogios com suas colegas. Sua alma não tem generosidade suficiente para isso.
Não estou aqui para pregar que temos que gostar de todas as nossas companheiras de grupo. Muitas vezes não temos afinidade com algumas pessoas, o que faz com que nos afastemos um pouco delas. Mas quem é generoso sabe olhar além disso e procurar o que o outro tem de melhor dentro de si. Além do que, convivemos em grupos e quando se fala em coletivo: respeito ao próximo, direitos, deveres e um pouco de educação são atitudes que pautam a boa convivência nos grupos e na sociedade como um todo.
Namastê!

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